Brizola, CIEP’s, A Miopia Eterna Da “Elite” E A Necropolítica


Artigo publicado originalmente no Vi O Mundo (acesse Aqui), a quem agradecemos por mais um precioso espaço concedido.

Passada a eleição mais suja da história do Brasil, na esteira de um golpe de toga (basta dizer que superou a de 2010, onde a presença do Nosferatu da política brasileira bancou a baixaria, então), é preciso manter a narrativa de que o inferno é o outro.

Eleição “ganha” no arrastão das fake news, da Farsa Jato, do discurso e do incentivo ao ódio e da facada perene e salvadora do fascismo.

Perdemos muita gente para o ódio. Marielle, Mestre Goa, etc., e agora a menina Ágatha Vitória (impossível não lastimar o infeliz trocadilho no nome dessa inocente vítima do fascismo).

Com o clamor da morte da menina, não falta quem lhe diminua a importância, pessoa e fato, atribuindo a sua morte a um “acidente”.

Bom, num país onde um governador sai de helicóptero à cata de vítimas, acidente é um termo, na melhor das hipóteses, infeliz.

As explicações estapafúrdias dos defensores da necropolítica pululam por aí, e a mais “original”, sem dúvida, é a da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP).

Na ânsia de justificar a carnificina em cima das pessoas menos favorecidas, a parlamentar saiu-se com essa:

“A política do “não-confronto”, adotada por Brizola e seguida por TODOS os sucessores dele até o Pezão, foi o que gerou esse caos na segurança do Rio. Esses governadores simplesmente largaram o estado nas mãos dos traficantes”.

Ora, nada mais disparatado. Brizola, com seus CIEPs, confrontou o pior bandido que existe: a desigualdade, agravada e perpetuada pela ausência do Estado.

Os CIEPs eram tão acertados que foram duramente combatidos pela mídia.

Combate esse, como sói, sem qualquer traço de civilidade e com a marca da classe dominada brasileira, eterna sacripanta.

Ou seja, nossa “elite” sempre destrói o que não concebe e os fins justificam os meios.

Destruíram os CIEPs, com eles a imagem de Brizola e, na esteira, o Rio de Janeiro, hoje totalmente dominado por milícias.

O golpe de 2016, não devemos esquecer, vem no roldão.

Para destruir Lula, destruiu-se o Brasil, quebrando sua indústria pesada, promovendo desemprego em massa, colocando no poder o que há de mais bizarro, odioso e execrável.

Os sacripantas venceram (não em sua totalidade, pois Lula se mantém como um totem de luta de um povo e alcança, como nunca, projeção mundial como preso político do século).

Foi a destruição dos CIEPs e de Brizola, idem do Rio de Janeiro, quem concebeu essa leva de doidivanas que nos “representa”, não o contrário, sra. Deputada. Vossa senhoria, inclusive.

Foi o sistema midiático brasileiro que pôs na política estes teratos que a senhora encarna, e, pasmem, vilipendiando a política, fato comum em época de ascensão fascista.

“Ninguém quer que inocente morra. Mas erros INFELIZMENTE acontecem. A culpa NÃO É DA POLÍCIA, que só REAGE aos bandidos, defendidos pelo antro da sociedade”

No caso, sra. deputada, não foi um mero erro. É política de extermínio, mesmo.

Ver um Governador dando pulinhos de alegria, comemorando carnificina não é erro, é necropolítica. É pena de morte, para os menos favorecidos.

Velho Brizola, árduo defensor da Escola em Tempo Integral, da vida, da Educação, morreu defendendo seus valores e não é justo que os odiosos desmereçam o grande político.

Aliás, os inimigos de Brizola (e do Brasil, historicamente) precisaram destruir tudo, Rio de Janeiro junto, para fazer não prosperarem os CIEPs.

Quantos presídios não precisariam ser construídos para cada CIEP?

Impossível dizer, mas é possível inferir que quem cria escolas e lá põe crianças, alimenta-as, educa, está a formar cidadãos e é projeto de longuíssimo prazo.

Enxergava longe, o velho gaúcho.

A miopia da “elite” brasileira, por seu turno, parece sem fim.

Morvan Bliasby, pedagogo. Trabalha como técnico em Gestão de Pessoas no Serviço Público (Seplag – Ceará).

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