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O Papelzinho E A Fragilidade Das Obsoletas Urnas De 1ª Geração, No Brasil.

Urna-Se A nós...

Dentre todos os países que adotam algum tipo de votação eletrônica, o Brasil ainda é quem utiliza o sistema mais vulnerável a fraudes, aliado a uma resistência totalmente sem explicação plausível por parte da Autoridade Arbitral e Organizadora dos pleitos, no Brasil, o TSE.
Antes de qualquer estudo mais profundo, mister se faz que expliquemos algo: o chamado voto impresso não fica em poder do eleitor (se assim o fora, seria a coisa mais fácil do mundo o senhor do engenho saber em quem o “peão” votou e dar-lhe uns pedaços de rapadura ou relhadas, conforme o “voto impresso”). Não. O voto impresso assim se denomina por que o equipamento eletrônico que recebe o voto emite, numa urna em separado, uma comprovação deste. Tal comprovação, além de não ficar em poder do leitor, nem de ninguém mais, só será utilizado para fins de auditabilidade e de verificação de integridade eleitor X voto, ou seja, para evitar as “urnas coelho”, além de outros truques conhecidos do tempo da urna física.

Para ter acesso ao voto da contraprova, o “Paper Track“, a autoridade demandante deve possuir legitimidade para pedir e só a Autoridade certificadora, no caso, os T<R|S>Es podem conceder a demanda, sempre com fundamentação.
Pois bem. O Brasil utiliza urnas eletrônicas de primeira Geração (Aqui, explicação sobre as diferenças entre as Gerações de urnas e auditabilidade). O TSE, além de não atender a decisão congressual, que decidiu pela adoção do Paper Track, numa clara afronta a este Poder, ainda não explicou também por que utiliza um software chamado “Inserator” nas urnas brasileiras. À parte de parecer nome das Organizações Tabajara (antes fosse!), o Inserator é acionado quando, e por quem? Como este software interfere na totalização?

Como explicar à sociedade um Poder afrontar o outro, mesmo em um regime de exceção, como se sabe, impedindo a vontade do legislador?
Em 2014, criamos uma Petição exigindo do TSE a Adoção do Paper Track. Com mais de 70.000 assinaturas, foi declarada vitoriosa, coincidindo, inclusive, com o advento da aprovação, pelo Congresso Nacional, da adoção do “pepelzinho“.

A quem interessa esse sistema de 1ª Geração? Qual a razão da resistência, passando por cima do Congresso Nacional, do TSE na adoção do papelzinho? São perguntas que não calam.

E você, entendeu o que é o papelzinho; que ele não fica com o eleitor? Sua função e por que outros países não aceitam mais as urnas de 1ª Geração?
Se assim o fez, cumprimos parte do nosso trabalho, que é desmistificar o famoso Paper Track. Agora, cada um de nós pode e deve pressionar a Autoridade eleitoral pela sua adoção.

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Em defesa do Estado de Direito: acima do revanchismo

 

Artigo publicado originalmente no Vi O mundo, a quem agradecemos
pela acolhida e pelas sugestões de diagramação.

Não sou petista. Já fora ‘acusado’ de sê-lo, durante toda minha vida como estudante e ou cidadão. Tal “acusação” tem, no seu cerne, uma certa dose de reafirmação do PT como Partido com princípios, mesmo quando, sabe-se, a intenção é desqualificar (estudei Licenciatura em Pedagogia e a Ciência de Jhering).

Não tenho qualquer filiação. Nunca me senti forçosamente atado a determinado grupo, quer na vida discente, quer na militância, onde vez por outra era tratado como “votando contra os princípios do nosso grupo”. Isso me trouxe alguns dissabores, não o bastante para me fazer deixar de lutar pelo que acredito.

Muito comum no Brasil, qualquer pessoa que apresente um grau de conhecimento político e defenda uma agenda progressista mínima, altiva, ser tachado de “petista”, “comunista” e de agitador. A alcunha, a tarja de “anarquista” está, parece, em franco desuso.

No caso de “ser petista”, há, embricado, na acusação, um certo elogio ao Partido.

Com efeito, nestas passadas três décadas de organização partidária brasileira, com suas especificidades, tem sido o Partido político a preservar uma unicidade em torno da legalidade e da observância do Ordenamento Jurídico.

Não sem rusgas, pois, como qualquer corrente (ou agrupamento destas) pensamento, há sempre interpretações distintas, mas que, dentro do que se concebe como salutar, têm sido discutidas dentro do Partido.

Agora, no olho do furacão das discussões intestinas e corriqueiras, está a questão da postura do PT à cassação do mandato do Senador Aécio Neves.

Os mais figadais dizem que o PT esquece o que fez Aécio. Existem manifestações que beiram o discurso odioso da mídia hegemônica.

A meu não humilde ver, não se trata, jamais se tratou, de defender Aécio, pois, para este, não há defesa.

Homem vil, baixo, invejoso, colérico, vingativo, pode ser apontado seguramente como um dos que fizeram o Brasil mergulhar nesta situação dificílima, com certeza.

Mas não, não é defender o indefensável. É se defender o rito, a Lei, a interdependência dos Poderes, sem qualquer hipertrofismo de um destes.

Não é demais lembrar que o conluio Judiciário | Executivo, durante a ditadura de 64, produziu uma das cunhas políticas mais impenetráveis da história recente do país. O executivo ‘executava’, literalmente, através dos seus verdugos, e o Judiciário coonestava. Tudo ‘em casa’.

Entenda-se que isso é o que tornou o PT o partido mais coerente com o seu Programa. É o único que sempre esteve do lado da legalidade e não arredou pé, jamais, de lutar por estes mesmos princípios.

Os que criticam a postura do PT, em defesa da legalidade e da primazia do Senado em decidir sobre o seu próprio destino, estes sim esquecem que o já ínfimo STF, outrora tido como Guardião da Constituição, está a usurpar as prerrogativas do Senado. Fazendo política.

Usar de revanchismo contra Aécio ou qualquer outro calhorda udenista não nos torna melhores. Pelo contrário. Nivela irremediavelmente a política ao direito da turba, tão alimentado, diuturnamente, pela grande mídia.

Lutar pela legalidade, mesmo nestes tempos grises, de política feita pelos tribunais, e até por causa disso, é a única saída.

Até se aceitem os argumentos dos que dizem que o PT foi lacônico, para ser sutil, no caso do golpe contra Dilma. Concorde-se.

Que o PT também não mostrou o mesmo furor ético quando da cassação de Delcídio; à época, publiquei texto exortando ao Senado a defender-se, enquanto Poder legítimo, contra [mais] uma usurpação do teleguiado e minúsculo STF ciático. Leia, se desejado, aqui.

As pessoas parecem não se dar conta de que a defesa do Estado de Direito é a pugna de quem defende a Lei ante a barbárie.

O problema de quem defende o revanchismo, não o Direito, é que estamos covalidando, sem querer, a anomia dos Poderes, além de desrespeitar o básico princípio da interdependência dos Poderes e a hipertrofia, revisitada, do Golpiciário, o Partido togado.

Só se poderá pensar em uma Nação, um dia, se se refundarem os princípios basilares do Direito, reduzidos a pó, sem trocadilhos, pelos que dele, o Direito, seriam os defensores naturais e não o são, por motivos que extrapolam este artigo.

Tudo que falei fora feito do ponto de vista de um simpatizante do PT.

Era importante fazer este contraponto e com a equidistância, até onde se puder dela dispor, de um militante e de um dos seus desafetos, seja um pago pela mídia hegemônica, quer se trate de um teleguiado, um coxinha.

Com vocês, a discussão. O que pensam sobre isso?

Caras e Caretas, Série (1982-1989). O que transmitir ou não às novas gerações?

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Publicado originalmente no Cinema É A Minha Praia, ao qual agradecemos enorme e novamente pela gentileza.

Nestes tempos aziagos de “Escola Sem Partido“¹, golpes institucionais e outras ideias ‘jeniais‘, além de uma mesmice estarrecedora das SitComs, das Soap Operas, etc., numa revisita quase mandatória à década de 80 do Século XX, a sua explosão de comédias de situação e o começo da distensão “lenta e gradual”, como preconizavam os donos do mundo, entre as potências que alimentavam a fogueira da Guerra Fria. Deste caldeirão ultra efervescente se sobressai a SitFamily Ties“², nominada, no Brasil e em Portugal, respectivamente “Caras & Caretas” e “Quem Vem Aos Seus“, neste segundo estranho título temos, claramente, uma ironia, pois parece degenerar, e muito.

O Enredo

Steven (Michael Gross) e Elyse Keaton (Meredith Baxter) são dois hippies classe média típicos, economicamente falando, ultra liberais nos costumes e que se casaram havia duas décadas.

Um tanto quanto nonsense, no tocante à educação dos filhos, eles creem piamente que os filhos os seguiriam em seus valores, teriam uma vida “zen” e seriam filosoficamente parecidos com estes.

O tempo lhes mostrou o quão errados estavam, mormente no tocante ao filho mais velho, Alex (Michael J. Fox). Este, um executivo, na cabeça e nos valores (um admirador incorrigível de Ronald Reagan!). Isso mesmo. Reagan. Importante para nos ambientarmos. Reagan, Tatcher e a ideia do Estado mínimo, do tamanho de uma bacia, nas palavras dos próprios. Este é o ambiente da série. Alex utilizava chavões dos republicanos e portava até mesmo um cartão de sócio do clube dos conservadores. Inteligente, ganancioso, reacionário. uma cópia (carbono) exata de seus pais. Alex se encaixa perfeitamente no estereótipo do “self-made man”, tão usual, à época e hoje.

Já a moça, Mallory (Justine Bateman), ao contrário, relaxada, preguiçosa, fútil e cujo círculo de interesse consistia em compras, rapazes e… compras e rapazes.

Vem, a seguir, Jennifer (Tina Yothers), a caçula. Todo o seu sonho era ser uma pessoa normal. Dependendo da situação, razoável, não?

Family_Ties_castA série, malgrado de forma às vezes sutil, até demais, teve a virtude de discutir preconceitos, censura, gravidez adolescente, vício (drogas), relacionamento familiar e círculos criados em torno de interesses similares. Todos os personagens da série, inclusive os papeis satélite, contribuem para uma discussão sutil e ao mesmo tempo rica sobre os valores de então.

O sucesso estrondoso da Sit tem a ver com isso. quem sabe, além do fato de ter sido a propulsora e impulsionadora de celebridades precoces, como o Micheal J. Fox.

Mas a discussão subjacente da comédia de sucesso parece ser a questão educacional (não somente educativa, educacional, de finalidade da formação). Até que ponto a formação dos nossos filhos, de uma geração, por exemplo, pode ser vilipendiada, a ponto de achar que as coisas se repetirão por osmose. Que não precisaremos assumir uma posição mais protagonista, com relação ao tipo de pessoa humana que queremos formar, subvertendo, se necessário, os valores vigentes e até a educação formal, via escola. A ‘Escola Sem Partido‘, esta aberração imposta pelos nossos nefandos “amigos” ideólogos, daqui e d´alhures, por exemplo, é uma mostra de protagonismo às avessas, ou seja, não seja inocente de pensar que existe neutralidade em qualquer aspecto da vida. Tal movimento aposta na interdição do debate natural na escola, na vida, para a nova geração de zangões…

Séries como Family Ties e “Todo Mundo Odeia o Chris” são muito eficazes em, sob o pretexto de discutir amenidades, ir bem fundo nos costumes e preconceitos e acabam, neste roldão, se tornando fotografia de uma época. Family Ties parece bem atual, traçando um paralelo com o momento em que assistimos ao desmonte de vários Estados nacionais. Esta já é uma boa razão para assisti-la, como análise comparativa. Além dos canais da tevê paga, que vez por outra a reprisa, geralmente com o título original, além de poder vê-la nos sítios dos Estúdios originais ou nos canais de “stream“.

Série: Caras e Caretas (1982-1989)

Ficha Técnica: na página no IMDb.

¹ Uma ideia tão imbecil para se acreditar ter saído da cabeça de educadores. Felizmente, não!.
² No Brasil, curiosamente, uma novela, tempos após, recebeu o nome literal da comédia de situação: Laços de Família.

Golpes Mundo Afora: Venezuela; Instituições Funcionando? Boicotes, Idem?

Com a nova onda de golpes, aqui e algures, é de se pensar que a nova modalidade, com o verniz de normalidade das “Instituições funcionando” (já disséramos, há pouco, que, nos tempos de Jesus, Herodes Antipas; no tempo de Hitler, idem, as instituições estavam funcionando; o fato de Hitler ter feito tudo para seu partido perder, e, literalmente, incendiar o, circo, digo, o Heischtag, diz muito. Quantas vidas se perderam. Quantas se salvariam se as instituições…) veio se firmar ou se teremos, a partir da velha e infalível geopolítica, a supremacia do golpe clássico, militarizado, ou mesmo uma mescla d´ambos.

Nas respúblicas do Paraguai e de Honduras, o neo-golpe, a deposição baseada no “risco de quebra das instituições”! A nova modalidade, por ser sutil, por não haver derramamento de sangue (só, se o for, como “casualidade” ou “causalidade”, leia-se “baixa de guerra”), parece ser o preferido, quando aplicável. Com o apoio maciço da mídia, via de regra “simpática” ao discurso de apelos ético-moral e restaurador, garantidor, institucional, seletivos por sua própria natureza patrimonial, são, por assim dizer, um aliado natural. O outro elo indispensável é o judiciário (caixa baixa intencional). Nos países centrais, esta esfera estatal consegue cumprir, até certo ponto, sua função reparadora, até mesmo por não haver tanta discrepância entre o padrão de vida de um juiz de qualquer instância, na Dinamarca, como exemplo, e um professor universitário (aqui, um juiz, além de muitos privilégios, como inamovibilidade, aposentadoria integral, em caso de demissão, faz parte de uma casta de 1,5% de consumo do PIB. Impensável, num país onde “as instituições funcionam melhor…”). Faltava esta casta na coalizão da nova modalidade golpista. Não falta mais, não é? Não esqueça que, em ´64, no penúltimo golpe, vários Ministros do STF foram para a “reserva”: aposentadoria compulsória. Agora, não foi necessário. Porquê, hein?

Golpe no Brasil. Até ora, um sucesso, fora o desaparecimento dos apoiadores de última hora, vulgo coxinhas. Este pessoal some mesmo, sempre…
Na Turquia, não se viu ninguém no Brasil dizer que “as instituições…”, até mesmo porque funcionaram, diferente do que esperavam. Juizeco de 1ª instância, procurador, quem foi arrolado no golpe pagou. E bem caro. Não que se possa comemorar o recrudescimento do estado recapturado pelo religiosismo (não se confunda com religiosidade. Meu respeito às religiões, mas não abro mão do Estado Laico. Não aceito o retorno medieval como algo bom. Jamais.) nem a proposta de estabelecer pena capital na Turquia ou em qualquer lugar do mundo.
Mas as instituições… bem diversamente do pretendido pelos senhores da guerra.

Agora, a nova praga, digo, praça de democratização, por assim dizer, é a Venezuela. Nova? Sim, nesta modalidade mais sutil, com verniz de normalidade.
Nesta segunda-feira, 1º de Agosto, o Conselho Nacional Eleitoral (o equivalente para nós ao TSE) considerou válida a proposição de um Referendum popular sobre a destituição de [Nicolas] Maduro. Há ainda algumas etapas para os antichavistas chegarem ao poder, e, assim, a exemplo do Brasil, de Honduras e do Paraguai, poderem colocar seus prepostos para o total controle do petróleo, a verdadeira razão de tanta grita moralista. É o petróleo, …

Maduro foi eleito para um mandato até 2019. Mas, lá, como cá, @ presidente se vê ilhado por um parlamento de direita, entreguista (entreguista, mesmo sendo a palavra correntemente aceita, parece não refletir a realidade, pois o “entreguista” é gratificado pela sua entrega), corruto, venal. Poderíamos fazer um transplante de paralamentar e, não fosse o idioma, talvez ninguém notaria.

Se é verdade que a Venezuela enfrenta escassez generalizada de alimentos, vestuário, produtos de higiene, hiperinflação, enfim, um caos, também é verdade que, vendo-a de perto, impossível não evocar o golpe chileno. O boicote aos gêneros alimentícios, patrocinado pelos mesmos de então, corrobora a tese de golpes mistos, o melhor dos mundos, afinal, discurso pela ética, pela moralidade dos gastos, pela higidez na política (como se isso fosse possível, dissociado de educação política) é tão velho quanto os sobas do Continente.

Petróleo, campos aquíferos, geopolítica. Imaginar o cenário de ora até daqui a trinta anos e saberemos que a Amazônia também será vítima da sanha democratizante dos senhores da guerra. E aí, as instituições estarão funcionando, até lá, ou estará tudo dominado?

O Dia Em Que O Senado Brasileiro Abdicou E Sumiu

A prisão do Senador Delcídio do Amaral, no que pese o seu histórico de pouco samaritano e seu longo trabalho nos bastidores da engenharia do aparelhamento tucano (este senhor, tido como o mais tucano dos petistas, é egresso do ninho dos “éticos seletivos” e, seja lá o que tenha feito, para desagradar seus pares, tratamos de coisa mais profunda do que o caso em si, como veremos, no desenrolar), antes de representar um avanço, com querem fazer crer a mídia putrefata brasileira e seus irmãos de fé, o aparato togado e | ou fardado do discricionarismo brasileiro, representa o afunilamento do processo de judicialização da política e o fim das garantias individuais.
Para início de conversa, para ser preso, um representante do povo (Sic!) precisa que o crime por este praticado seja inafiançável e em inequívoco flagrante, como preconiza a Carta Constitucional, Art. 53, § 2º, onde exara, com clareza:

desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável.

Através de malabarismo equivalente ao Domínio de Fato Tropical, refutado pelo próprio autor da Teoria Original, Klaus Roxin, o MP fez chegar ao Ministro Teori o novo pressuposto que permitiria sobrepujar a definição clara do prevento à prisão de parlamentares, conforme vemos, muito bem explicado, aqui, em artigo de José Carlos Spin. Mais uma “jabuticaba jurídica“, sem dúvida.

Ao criar a jabuticaba e permitir mais este esbulho à norma constitucional, o STF e o MP procederam à prisão (ilegal, ressalte-se) do Senador e, para dar ao Regime de Exceção um verniz de normalidade, “submeteu” ao Senado, Casa afeita ao Senador, como preconiza a norma, a ratificação ou não da prisão. Com a opinião pública totalmente manipulada, sedenta de “justiça”, e mais uma manobra, esta na própria Casa [bi]Cameral, instituindo o voto aberto, o resultado não poderia ser outro:
25 de Novembro de 2015, o dia em que o Senado Abdicou de Suas Prerrogativas e Se Curvou Ao Arbítrio.
O Senado brasileiro se apequenou, se desmilinguiu, derreteu; sucumbiu ao retrocesso institucional a mando do Império.

A postura dos Senadores de oposição [ao país?] é previsível. Gente que trabalha com prestidigitação, fazendo chover dinheiro, literalmente, gente ficha suja (mais uma jabuticaba), gente que não respondeu por crimes do instituto do “não vem ao caso”, votou pela ratificação, em homéricos discursos consertadores e refrigerantes das almas sedentas de “justiça”. Um bálsamo!
Agora, o PT, que, desde o Mentirão, insiste em não entender o que está em voga, fazendo o próprio jogo do inimigo, deveria ter votado (unanimemente) pela não admissibilidade da prisão de Delcídio, em nome do Estado de Direito, não de direita. Depois o expulsaria; parece difícil, mas seria muito mais producente e condizente com a Lei.
O Senado, infelizmente, se desnudou. Mostrou toda a sua pusilanimidade e sua indisfarçável genuflexão. Seu desapreço pela norma, pela observância dos princípios basilares.

Agora, após este ato pantomímico dos nossos “custi Legis” (estamos f…ritos!), vem Eduardo Cunha, bandido confesso, sabidamente desonesto, incólume, dar andamento ao processo de Impedimento da Presidente da Respública, ante o olhar sereno, inerte, dos senhores “fiscais da lei”! Isso, sem qualquer fato determinante do Impedimento.
Estamos em um grande impasse e, desde o final do segundo turno, não se faz outra coisa senão atentar contra o Estado de Direito, ou seja, o eterno terceiro turno brasileiro. CNBB emitiu nota de apoio à Presidente e às instituições de Direito. Teremos mais um embate e, caso possível, teremos a normalidade, por pouco tempo, com ou sem o Senado. Melhor ainda, sem uma Câmara presidida por um punguista.
Quem sabe, um dia, se aprendermos a importância da educação política do povo, tenhamos um Senado?

Morvan Bliasby é Funcionário Público Estadual, Função Analista Auxiliar de Gestão, com atribuição, atualmente, como Técnico em Governança de TIC, Seplag – Ceará.
Formação Acadêmica: Pedagogo (UECe); Direito, até o 7º Sem. (UFC); especialista em Orientação Educacional (UECe) e em Recursos Humanos e Psicologia Organizacional (FERPI).
Autodidata em Informática e em Eletrônica Linear. Vários trabalhos publicados nestas duas disciplinas. Possui blogues de discussão política e de assuntos de tecnologia.

Retrocesso Institucional. Até Quando?

Passado o sufoco do segundo turno da eleição presidencial, preparávamo-nos para o inexpugnável terceiro turno, aqui e em toda a América do Sul. Só não nos era, penso, possível, então, antever a ferocidade deste, mesmo que as eleições, no Brasil, desde 2010, tenham se tornado mais e mais atrabiliárias, com a direita se tornando, a cada dia, a pitonisa do golpe, fosse qual a modalidade, clássico, ou em sua modalidade mais “moderna”, judiciário, a la Honduras.

Desde aquelas eleições, como dizíamos, a direita “virou a mesa”, com o carteado já distribuído, supõe-se, sabedora do seu desfavor, vindoiro, no jogo. “Convocaram” o então Papa, o bispo não sei d´onde, mandando ao inferno, literalmente, as conquistas, até aqui, do Estado laico. A questão do aborto virou estratégia eleitoral, não funcionando, ao final, para os “ungidos” por estes terem praticado os “crimes” aludidos. Tragicômico, surreal, mesmo no Brasil.
A imprensa mundial tratou também de dar sua contribuição, “despida de qualquer interesse” no jogo, com as revistas da banca internacional entrando de corpo e alma (por assim dizer…) na disputa, sempre de modo “democrático” e “isento”.

Com a chegada (anunciada) do terceiro turno, tivemos um grande retrocesso institucional, no Brasil. Processo, lembre-se, iniciado em 2005, com a pantomima do mentirão, digo, mensalão e afunilado neste último terceiro turno. Os avanços institucionais se diluíram na sanha golpista e nos remete a um passado recidivo. Tudo parece um filme a se repetir.
O divisor de águas da quebra na inflexão federativa que parecia se desenvolver, no Brasil, aparenta ser o caso do Grampo Sem Áudio (sic!). A partir dali, experimentamos, concomitante com um protagonismo espúrio e crescente das instituições que deveriam ser fiscais da Lei ou, no mínimo, zelar pela sua observância (MP[E|F], PF, STF, etc.).

Se Umberto Eco tem razão em dizer que as Redes Sociais empoderaram o imbecil fundamental, no Brasil, terra de extremos, as tais armadilhas digitais deram vez ao midiota mais perigoso de todos, pois além da pouquíssima qualidade educacional, é um tipo que se reconhece historicamente por repelir os rótulos. É um tipo que não aceita ser chamado de golpista. Tanto que criou o malabárico conceito da “Intervenção Militar Constitucional”. Fruto destes tempos rábicos são, por exemplo, as passeatas pedindo o golpe, mas sem golpe, por favor. Mulheres com faixas defendendo o feminicídio (não lhes pergunte o sentido da faixa. Elas apenas estão protestando contra “algo”…); faixas protestando contra excesso de Paulo Freire nas escolas, bem como projetos de lei proibindo doutrinação marxista nos mesmos estabelecimentos! Aqui, a simultaneidade dos protestos e do projeto da direita estragaram a espontaneidade e acontece o mesmo com as faixas portadas pelas mulheres: não pergunte ao midiota portador de tais faixas quem foi Paulo Freire. Uma pergunta destas é uma indelicadeza…

Já em 2013, teve promotor público, pago com o erário, fazendo apologia do crime: Mate um petista e arquivamos o inquérito. Mais direto, impossível. O apologista criminal utilizou o FaceBook, esta máquina de criar lobotomizados, para alardear o seu próprio crime.

Agora, passado o Mensalão, Operação Vaza A Jato, digo, Lava A Jato, temos o desmonte completo da indústria, mormente a de ponta, brasileira, além de a tal de Vaza A Jato só terminar quando o seu títere, o sr. Moro, juiz de primeira instância, mas com poder sobre todo o arcabouço institucional, conseguir o seu intento, que é, de qualquer modo, destruir o PT, a Petrobrás, o Brasil e prender o seu (de toda a direita) inimigo figadal, Lula, o Nêmesis. O que vier primeiro destes eventos.
Os poucos que diziam que a reforma do gangrenado Poder Judiciário seria prioridade, sabiam que esta reforma seria sine qua non. Sem ela não haveria possibilidade de avanço, pois este poder sempre foi o mais recalcitrante a qualquer avanço social e foi o grande coonestador do regime militar.
E também dizíamos que sem educar o povo este mesmo se voltaria contra seus defensores. Só pão, sem educação, nunca funcionou, aqui e nem algures.

A esquerda (pense esta palavra com certa amplitude) brasileira tem grande culpa no nosso retrocesso; em vez de preparar as pessoas, fazia-se omelete no cafofo da serpente. Em vez de incentivar a mídia alternativa, foi-se a rapapés das famílias midiáticas.

Hoje, quando se vê ministra (caixa baixa intencional) do stf (idem) utilizando, ironicamente, motes da esquerda para punir os inimigos da casa grande; quando se assiste à pantomima de ministra (idem!) reconhecendo não haver elementos para condenar, mas, a despeito, ela o faria, quando se vê organização paramilitar dentro do Estado, conspirando contra a Presidente, organizando-se politicamente, com estrutura estatal, em prol do candidato derrotado, instituições estatais mancomunadas com órgãos de imprensa, engajados em causas nada federativas, a esquerda tem de fazer um rotundo mea culpa. Somos partícipes, pela omissão, que o seja, mas o somos.
Quando se vê, idem, ministro de Estado apoiando projetos lesa-pátria da direita, não é tão estranho assim, desde que ele não permaneça. O sr. Levi, ao defender projetos do nefando Serra e de outros inimigos do país, está fazendo o seu jogo. Quem está jogando contra é quem o mantém.

Para não dizer que não falei das flores, vivam os estudantes das escolas públicas paulistas, aqueles que lutam bravamente contra a privatiz., digo, normalização das escolas. Estes, sim. Têm coração valente e desejam uma pátria realmente educadora. Sem “normalização”. Parabéns a estes jovens. Vós sois, de fato, a esperança.

Esquerda, No Brasil; Indo Além Da Síndrome de Sísifo?

Fazendo uma diacrítica, vindo dos anos ´50, período mais acentuado, ou mais ostensivo, da atividade udenista, de desconstrução e de de entrega dos ativos e da vocação do país, até aqui, percebe-se claramente que a direita fizera tudo ao seu alcance para desconstruir e dilapidar o país. Às vezes, com a colaboração tácita, não-desejada, porém, da esquerda. leia-se esquerda, para desambiguar, como qualquer corrente que tenha um pensamento não-alinhado com o entreguismo, com a abdicação da autonomia e a autodeterminação brasileira. Mercê da amplidão conceitual exagerada, há de nos permitir ter uma visão menos afeita a proselitismo.

De antemão, a direita tem um projeto, ou lhe basta a abdicação da soberania brasileira, e, por extensão, de toda a América latina? Se a direita não o tem, como afirmo aqui, parte do seu mister é evitar que a esquerda exite, governamental e politicamente, lógico. A metrópole saberá recompensá-los, por isso.

Lula, no início do seu Governo, disse ter consciência de que não poderia errar, ou seja, tinha plena consciência de que esquerda e direita, têm, no Poder, expectativas e papeis diferentes, por parte da empoderada mídia brasileira e do seu Sistema Judiciário, historicamente um coonestador e guardião dos interesses da Casa Grande.
Fazer o papel apropriado, na visão do hábil político, seria não permitir que o sistema midiático lhe pregasse o rótulo de fracassado, mesmo que o fracasso, perante a banca, a mídia e os “brasilianistas” (Sic!) fosse parte sine qua non para o regresso da “confiável” direita ao Poder. Situação difícil, mas Lula fez um Governo a ser lembrado à exaustão, exatamente por “não poder errar”. Aliás, ele cometeu vários erros, mas não aqueles pontuais, desejados pela elite. Daí surgiram os arroubos “éticos” da direita, como sói. Combate à corrupção (desde que da esquerda) tem sido tema recidivo. Um dos pilares do udenismo, aqui e algures.

E a esquerda, se o tem, qual é este? É cuidar da massa falida do rentismo, simplesmente; administrar o caos do “deus” mercado, em nome, claro, desta nova deidade humana?
Ou compete à esquerda meta pensar finalidades, nortes, ideais?
Se sim, o erro da esquerda tem sido um revival, tendo o maior erro de avaliação histórico o pensar na mobilidade social como fator autossuficiente à conscientização do trabalhador. Resta provado que, “educado” pela mídia, o trabalhador sempre se volta contra o seu “benfeitor”. Este parece ser o erro capital da esquerda.

Sem a verdadeira, legítima educação política, o trabalhador não tem como identificar seus aliados e seus verdadeiros inimigos e a esquerda parece menosprezar este fato. Tanto que jamais cuidou da Educação (no sentido finalístico, não só processual). É a verdadeira Síndrome de Sísifo: levamos a pedra da ascensão social até o cume da montanha e somos tragados pela mídia, que “ensina” à classe trabalhadora “lições” ignorância política e, por decorrência, de intolerância, e esta acaba votando nos “éticos”. Assistimos a tudo isso agora, em tempo real. Golpes à Constituição, pogroms contra os “bolivarianos”, mulheres carregando faixas defendendo o feminicídio, faixas de coxinhas protestando contra Paulo Freire (a grande maioria deles sequer sabe de quem ou do que se trata), projetos de Lei de monitoramento ideológico nas escolas, etc. A onda de intolerância, antes de geração espontânea, é fruto da desídia da esquerda. Ou do desconhecimento do seu papel, o que redunda igual.

Outro fator que tem sido igualmente e historicamente vilipendiado, pela esquerda (lembre-se que falamos sobre possíveis projetos nacionais), é a questão das indústria brasileira. Substituição de importações, indústria autóctone, pontos de inflexão industrial soberana têm sido evitados, sendo a esquerda, historicamente, refém da indústria, tanto por não propor alternativas como por não entender a importância estratégica da criação de uma indústria legítima, bem além de ser meramente uma repassadora de bens acabados, sem qualquer protagonismo na criação e transformação de matéria prima. Somos grandes fornecedores desta, sabemos. Mas podemos pensar em transformação? Como diminuir o lucro-Brasil, o que realmente encarece a nossa vida, e não o propalado “custo-Brasil”, e ao mesmo tempo, criamos condições de competir com a indústria de ponta?

Seremos condenados, feito Sísifo, a carregar pedras, mesmo sabendo que a inglória tarefa restará infrutífera, pois teremos sempre de “arrumar a casa”, esfoliada pela direita xenófila, ou podemos preter-pensar, especular, extrapolar nossos limites autoimpostos? Quando poderemos, se o fizermos, um dia, chamar a este riquíssimo país, com propriedade, de “Pátria Educadora“?

Ilustração: Punição de Sísifo, A; Tiziano. Reprodução.

Estados Unidos, Intervenção Na FIFA! Novo Big Stick À Vista?

Águia EstadunidenseO mundo ficou estupefato com a notícia da prisão dos capi da FIFA; não que alguém, de sã consciência, discorde da necessidade de se sanitizar a Entidade, cuja corrupção campeia há tempo, e não d´agora, deste arroubo “vestal” das rapinas, até onde isto for possível. O evento, longe de significar fato isolado (nada o é, em se tratando de EUA!), evoca a política descaradamente intervencionista do Big Stick (grande porrete), dos estadunidenses,os xerifes da humanidade; sempre, com a aquiescência dos que ou não enxergam a gravidade das ações destes reacionários neo-romanos e a falta de noção dos que clamam pela própria, ou da intervenção militar constitucional (Sic!); (os políticos brasileiros, notadamente os de direita, que têm à escrivaninha uma bandeira dos EUA, em vez da nossa, que o digam!).

A responsável pela emissão dos mandados de prisão no escândalo que abalou a Fifa (e o mundo!) ora, a procuradora-geral dos Estados Unidos,Loretta E. Lynch, afirmou:

“… O Departamento de Justiça do país está ‘determinado a acabar com a corrupção no mundo do futebol’.“.

Lindo. Como são diligenciosos, estes estadunidenses. De uma hora para outra, eles tentam varrer a corrupção (dos outros!). Num país em que o lobbie é uma atividade regulamentada, os escândalos sempre ficam impunes (vide caso Enron), desde que os corrutos sejam “amigos do rei”, falar em corrupção soa no mínimo estranho. Sem se falar em um país onde se financiam derrubadas de Governos contrários à democracia (pois sim!) e a sociedade civil não se manifesta ou não tem força para. A corrupção dos outros é realmente mais fácil de detectar e de combater, sabe-se. Tanta fome na África, moléstias em todo o mundo, doenças que já deveriam ter sido erradicadas há séculos, tecnologia biomédica, há, e a preocupação destes honrados estadunidenses é com o futebol na FIFA!

Felizmente, nem todos caem neste conto manjado dos “vestais da humanidade”. A Rússia já alertou para as reais intenções da “palmatória do mundo“, embora possa se crer que o problema é bem mais complexo do que continuar a ser simplesmente a régua deste ou somente prejudicar a Rússia, futura sede da Copa: a agenda aponta claramente para um recado. Recado sutil como os são os daqueles senhores falconiformes: — “não vos esqueçais do Destino Manifesto, pois vós sois o meu quintal!“.

O recado, como se diz, nada sutil, é para os bolivarianos (Sic!); a FIFA é só o transdutor, ou seja, — “Nós podemos tudo, inclusive intervir, em qualquer lugar“. É a manifestação inequívoca, embora com o mesmo discurso protoudenista de sempre: a América Latina como nosso (deles, claro) quintal; afinal, para um povo ‘superior’, se lhe parece apenas o cumprimento da ‘profecia’.

Resta saber como a AL se comportará, diante deste farol de udenismo triunfante: ou aceitará o “Destino Manifesto” ou lhes dará um manifesto cacete, ou “Big Stick”, como eles gostam de falar, como fez a pequena, porém imponente Nicarágua, quando lhe tentaram anexar. Anexar o cacete, diriam os nicaraguenses. “peia” para vinte, os valentões “escolhidos” pela “providência” (talvez seja a mesma que “escolheu” o avião onde viajava Eduardo Campos!) levaram sozinhos. Assim se faz um povo. Viva a Nicarágua. O tal de “Destino Manifesto” não resiste a um povo. Apenas, onde eles e seu “Big Stick” atuam, têm sempre aqueles que vaticinam “A Teoria da Dependência”; depois, fica fácil: uma imprensa a serviço dos ‘superiores’, ‘escolhidos’, e o escritor da teoria da Dependência (É o cacete!) cria leis que facilitam a transferência de patrimônio. Funciona, mesmo. Vale, Petrobrax (felizmente, não deu tempo), nióbio, pedras preciosas, estrutura de telecomunicações, etc. Beleza de teoria. Não funciona na Nicarágua, na Bolívia, na Venezuela. sabe-se… nem em Cuba.

Façam com a FIFA e com seus carcamani o que quiserem, mas, fora da América Latina! É o Pré-Sal, estupendo!

Dilma, Dia 13, Vamos Ás Ruas. Coração Valente, Vem Com A Gente!

Dilma Roussef EleitaEm 2008, em roda de amig@s, regada a cerveja e, claro, muita discussão, sobre tudo, mormente sobre política, começáramos a discutir a sucessão de Lula, discussão ainda contaminada pela “isca” da direita, que não parava de instigar Lula a “venezuelizar” a sucessão, revirando a virada de mesa da reeleição e amealhando mais um (e quem sabe outros) mandato[s]; Lula, claro, sabiamente repelia os acenos da direita, tanto por respeitar as regras de então, como por saber se tratar do álibi para o golpe judiciário da direita n´ativa. O nome de Dilma Roussef foi evocado, por mim, ante a estupefação de todos. Quem era esta? Ninguém a conhecia. Eu havia lido, em sítios “limpinhos“, sobre a preparação de Dilma, pelo próprio, para o embate, não sem ter que suportar a graça dos calunistas, dizendo, via de regra, que, desta vez, os trinta por cento históricos do PT poderiam não se concretizar, dada a falta de consistência da candidatura.

A partir daí, já conhecemos os meandros que a levaram a ser a primeira mulher eleita Presidente da República brasileira (e a ser reeleita, graças a este câncer institucional chamado reeleição, obra da UDN, Secção brasileira, FHC, CEBRAP, IBAD, etc.). A partir do início do jogo sucessório do primeiro mandato, até a campanha propriamente dita, conheceu-se aquela Dilma estereotipada pela direita e pela coalizão que a elegeu: a terrorista, com ficha falsa e tudo,  e a “guerreira”, como a coalizão a vendeu à opinião pública.

Mas, afinal, quem é mesmo Dilma Vana Roussef. É terrorista, é guerrilheira, guerreira, coração valente, Estela, Wanda? Todos; nenhum dos vocativos lhe cai bem?

Com o país envolto no mais acirrado dos terceiros turnos, com a oposição ciosa de uma brecha, de qualquer natureza, para pegar um atalho e voltar ao controle do espólio estatal, seria uma boa hora para a Dilma verdadeira aparecer; não aquela caricatura de Presidente que, no Dia Internacional da Mulher, que fez de tudo, menos Política (caixa intencional), não se sabe se de forma autóctone ou reverberando as ideias dos seus presumíveis oráculos, e, como um elefante numa piscina, entornou tudo, literalmente. Um desastre comunicativo, com perdão da licença poética.

Presidente Dilma, ficou patente que a estratégia de se esconder, como avestruz, só agravou tudo, só mostrou aos abutres a sua tibieza. E os predadores detectam o menor fraquejo e miram, sempre, os mais fracos. Tem sido assim sempre. Qual a parte que a Presidente, democraticamente (em termos: imiscuição de atores espúrios na eleição estão aí, tanto o capital quanto a violência simbólica da mídia hegemônica, a céu aberto) eleita pela maioria do nosso país, bem como suas eminências diáfanas, não entenderam, ou entenderam e este é o jogo? Saia da toca, coração titubeante. Faça Política, pois só a Política pode resolver sequelas da política e da Política.

Muitos cavalos encilhados passaram, mas há ainda tempo, pois nunca é tarde para quem quer mudar. Comecemos com uma boa reforma ministerial. Este Ministério, que fora o primeiro capitular para o PIG e para os interesses exógenos, não vai resolver. Vamos tirar os Levys e os quintas, que todos conhecem. Vamos compor com Ciro, Wagner, Genro, Requião e outros do campo dos que amam e lutam pelo bem deste honorável país. Vamos para a rua; vamos encampar a luta com o povo. Conversar com as pessoas. Desautorizar as mídias globais da vida a criar insegurança institucional e a colocar o povo contra as próprias conquistas advindas dos Governos populares. Informar. Contrapor.  Fazer as reformas eternamente adiadas. A hora é esta e o prazo está se esvaindo.

Dia 13, estaremos na rua, em defesa da Petrobrás e do Estado brasileiro. Queríamos muito que a Coração Valente estivesse conosco. Mas, iremos. Ponto.

Por fim, relembro a parábola da águia que fora criada como galinha. Com qual destes arquétipos a sra. Estela quer ser lembrada pela história, Dona Dilma?

A Operação Lava Jato E O Desmonte Do Brasil

Prisão de Guatanamoro

É sabido que a direita brasileira, historicamente, não tem, jamais teve Projeto de Nação. Elite com interesses espúrios, ‘xenófilos’, antinacionais por definição. À esquerda sempre competiu discutir o Projeto Nacional, com as variações de praxe, mercê das várias correntes ideológicas que se abrigam neste guarda-chuva de sopa de letras. A elite nacional, mesmo considerando uma matiz ideológica menos ‘simpática’ aos nossos algozes de sempre, independentemente do partido, sempre geriu a máquina estatal olhando para a metrópole, nunca considerando nossos próprios e específicos interesses. E em estando no Poder (não necessariamente com este), a esquerda sempre foi hostilizada pela mídia nativa, implacavelmente, atribuindo a qualquer tez trabalhista todas as mazelas do mundo. Sempre que um trabalhista chega ao Poder, no Brasil, abre-se a caixa de Pandora do seu pecado original, da sua incompetência “atávica”, original. Assim, mesmo a esquerda tendo o poder (caixa baixa intencional), por estar, legitimamente, no Poder, normalmente não se progride muito, pois a esta só restaria lutar contra os entraves criados pela mídia anti-trabalhista. A tarefa da esquerda, não por opção, tem sido “arrumar a casa”. É a pequena parte que lhes cabe neste latifúndio.
Após a quarta eleição vencida pelos trabalhistas, contra todas as premissas e pressões midiáticas, é normal que a direita n’ativa, sempre ‘auxiliada’ pelos seus mentores e alteres egos, tenha um ‘projeto’ que não passe pelas urnas. Um projeto de retomada informal do Poder. O conjunto de fatores atuais conspira (sem trocadilhos) para o sucesso da terra arrasada brasileira.
Por um lado, temos São Paulo, Estado que, mesmo no que pese não lhe caber, por ora, o aposto de “locomotiva da Nação”, ainda contribui percentualmente com vultosos e importantes números na composição do PIB. Falta d’água em São Paulo (“escassez hídrica”, no dialeto tucano) trará redução acentuada no indicador citado, é ponto pacífico. A direita, claro, esfrega as mãos, incontinente.
Doutro lado, temos a Operação Lava Jato, coroada de incongruências, remendos, decisões sem amparo no Ordenamento Jurídico, e, pasme, promessa de prêmio para os bandidos (no jargão moronês, delatores). O próprio juiz Moro, se se dispusesse, no país, de um Tecido Jurídico menos corporativista, mais profissional, claro, já teria sido declarado suspeito, por muitos dos seus pares, por várias razões, principalmente pela sua Luta Pela Deslegitimização Da Política, ‘tratado’ escrito em 2004, pelo próprio Moro. A propósito, na Alemanha, década de 30 do século passado, houve um processo de deslegitimização da política. O resto da história é tétrico…
A Operação Lava Jato começa a produzir seus resultados funestos: a Petrobrás, maior empresa brasileira, pioneira em vários campos de prospecção e extração, apesar da mídia inimiga de primeiras horas, tem queda vertiginosa na bolsa de valores. Tem descontinuado projetos de refinarias, exemplos de Ceará e Maranhão, impactando negativamente a criação de inúmeros postos de trabalho, diretos e indiretos, nos Estados afetados. Planejar ali, por ora, parece verbo proibido. As construtoras elencadas nesta Operação, malgrado devam ser punidas as pessoas corrutas (e seus corruptores), estão à beira da falência, como bem devem querer seus concorrentes externos.
Enquanto os povos cearense e maranhense choram as pitangas, o Partido que deveria estar no Poder, via ‘Jânio Quadros de Saias’ faz a única coisa que sabe: se anula, se omite. Espero que A ‘Jânio’ não imite o homem da vassoura às últimas expensas. Esta história é também bastante conhecida.
Bom, eu votei, tu votaste, talvez, em um Projeto e ele não passava nem longe da “deslegitimização da política” e nem pelo desmanche do nosso país. Diferentemente da Grécia, aqui implementa-se o projeto (caixa baixa…) do perdedor. Ah, Σyriza, pairai sobre os nossos Quadros. Meu reino por um Projeto Político para meu país.